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Confira o artigo do advogado Pedro Serrano, publicado na revista Carta Capital.
artigo-pedro-serrano-padre-julio-carta-capitalConfira o artigo do advogado Pedro Serrano, publicado na revista Carta Capital.
artigo-pedro-serrano-padre-julio-carta-capitalPor Fernando Altemeyer Jr.*
Os vereadores paulistanos que atacam a Igreja Católica na pessoa do padre Julio Renato Lancellotti, não sabem que ele é protegido diretamente por cinco guardiões celestes: Santa Dulce dos pobres, Santa Terezinha de Lisieux (madrinha celeste de sua ordenação como padre), Santa Edith Stein, São Miguel Arcanjo e, sobretudo por São João Evangelista que não permite que o veneno dos inimigos chegue aos lábios e vida de padre Julio.
Todos estes cinco guardiões celestes o cobrem com o manto sagrado da fé, do amor e da esperança. Todos não permitem que o veneno dessa gente diabólica o atinja em sua missão do sacerdote. A cada dia mais sereno e mais forte. A cada dia mais transparente enquanto seus detratores estão cada dia mais imundos e próximos do inferno. Lutam contra um homem de Deus, contra a Igreja do Ressuscitado e pensam que podem enfrentar estes quatro mensageiros e suas espadas de luz. Todos nós sabemos onde irá ficar o capeta e seus servos diabólicos depois de lutar contra São Miguel.
Quem ataca a Igreja de Cristo verá a Glória de Deus manifesta aos seus ungidos.
Aqui na terra Julio tem milhares de amigos e defensores. No céu muitos anjos e santos atuando por ele. Diante do padre Julio, o rei fica nu. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
*Fernando Altemeyer Jr., teólogo
Por Frei Betto*
Um vereador de São Paulo, diplomado em ódio e a cata de votos neste ano eleitoral, decidiu abrir uma CPI para investigar o padre Júlio Lancellotti, que trabalha há anos com o povo da rua. Acuado pela repercussão na mídia e tantas manifestações de apoio ao sacerdote, o vereador alega que seu objetivo é investigar as ONGs que atuam junto aos que se aglomeram na Cracolândia, no centro de São Paulo.
Desconfio que o vereador deu um tiro no pé. Responsável pela Pastoral do Povo da Rua, Lancellotti recebeu, frente às acusações descabidas, apoio do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, e de inúmeras personalidades do Brasil e do exterior. Aliás, o líder do partido do vereador na Câmara Municipal, Fábio Riva, declarou que a convocação do padre “extrapola” o pedido inicial.
O presidente Lula disse que “Graças a Deus tem figuras como o padre Júlio Lancellotti na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida a tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania a pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da arquidiocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa.”
Júlio é exemplo raro de sacerdote. Enquanto boa safra de padres formados ao longo dos 34 anos de pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI está preocupada com status, minudências litúrgicas, se exibir em público em vestes sacerdotais e galgar degraus do carreirismo eclesiástico, Júlio coloca em risco sua vida para atender os mais excluídos, aqueles que são vistos nas ruas como “leprosos”, que cheiram mal e devem ser evitados e repudiados. Caminha nos passos de Jesus.
Júlio já sofreu todo tipo de ataques, assim como aconteceu a Jesus, acusado de endemoniado (Mateus 12,24), louco (Marcos 3,21), blasfemo (Lucas 5,21), subversivo (Marcos27,1) e herege (Mateus 26,65). Destemido, o pastor não teme defender o povo da rua dos abusos policiais, acolhê-lo em sua igreja, denunciar as obras públicas que visam a impedir que se possa buscar abrigo sob viadutos ou em parques.
Júlio fez o mesmo com crianças de rua e internos da Febem. E não agia como quem se interessava em “catequizá-los”. Sabe muito bem, graças à sua boa formação teológica, que essa gente excluída expressa de modo especial a face viva de Jesus, que com eles se identificou (Mateus 25, 31-44). Quer apenas que se sintam pessoas dotadas de dignidade e direitos, ainda que a nossa sociedade, fundada na desigualdade econômica, os tenha escorraçado para as calçadas da mendicância e os becos do desamparo.
Quem levaria para casa uma criança nascida com Aids e abandonada pela família? Padre Júlio já levou centenas, como sou testemunha. O vereador misantropo não viu as duas unidades da Casa Vida em São Paulo, que visitei com frequência. Ali as crianças recebiam cuidados médicos e terapêuticos; eram educadas no asseio e escolarizadas; aprendiam a ter autoestima e ser felizes. Cego, o vereador não enxerga nada disso. Nem mesmo este detalhe: cerca de 90 crianças, mesmo virtualmente condenadas à morte por uma enfermidade incurável, foram adotadas por famílias europeias.
Padre Júlio opera milagres: casais que, impossibilitados de procriar, escolheram adotar uma criança filha da miséria e contaminada pelo vírus HIV. Graças à evangélica dedicação do pastor das ruas, cujo testemunho enobrece a espécie humana.
Ele mereceria, caso existisse, o Prêmio Nobel da Solidariedade. E todo o nosso apoio.
*Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.